segunda-feira, 7 de abril de 2014

O remédio chamado consumo



Pessoas correm para farmácia para aliviar sintomas e correm ao shopping para acalmar, o que nem o remédio conseguiu resolver. Sinal dos tempos. A busca do alívio no lugar errado. Sintomas que afloram por vários motivos. Normalmente são questões pessoais tratadas com complexas bulas de laboratório.

Por exemplo:
- A relação amorosa que acabou; - O filho que brigou; - O peito que apertou, pelo negócio que não deu certo; - Dinheiro que sumiu; - Oportunidade que se perdeu; - Falta de opção profissional; - Briga com os pais; - Nota baixa no colégio; - Trânsito caótico; - Insônia; - Medo do amanhã; - Angústia inexplicável; - Projetos engavetados; - Corpo que engordou demais; - Pele que manchou; -Celulite que se instalou; - Cabelo que estragou; - Filho que não se teve; - Filhos que exigem tempo; - Violência que engole nossa coragem; - Tempo que acabou; - Correria, confusão, desconsideração, individualismo exagerado; - Carro que excedeu o orçamento; - Compras que detonaram as finanças; - Cartão que estourou o limite; - Dinheiro, saúde, doença, família, profissão, vida pessoal, familiar, profissional; - Ufa, ufa, ufa... Cansei de citar tanta coisa. Que sufoco! Chega a faltar o ar! Não dou conta de tanto e nem de tanta pressão! Vou aliviar isso, preciso encontrar algo que me desfoque deste foco tão tenso. Já sei, vou ás compras! Vou ao shopping! Vou ser feliz, nem que seja só por algumas horas! Fui!
Mulheres a beira de um ataque de nervos correm para a farmácia do consumo, homens abarrotados de compromissos correm para comprar um agrado, crianças cheias de compromissos e apelos feitos pela mídia já incorporam desde pequenas que o legal e moderno é desopilar num shopping.  
A compra é receita infalível que reduz em 100% os sintomas. O efeito do remédio pode durar até duas horas, ou enquanto não se olhar o estrago no orçamento. Neste caso varia conforme o tempo que a pessoa leva para voltar ao mundo real.
O mundo real é alicerçado no planejamento. Estratégias eficazes existem para quem quer seguir um tratamento com menos efeitos colaterais.
O consumo do remédio chamado: “Consumo”, possui efeito colateral sabotador e que pode dominar o individuo a ponto de deixar sequelas permanentes.
O remédio que provoca alívio momentâneo deixa dívidas severas e com solução nem a curto, médio e muito menos em longo prazo, ao contrário, o efeito do remédio destrói orçamento, aumenta as dívidas, cria uma ciranda perigosa, aumenta a necessidade por coisas matérias, afasta a possibilidade por remédios emocionais, aniquila a chance de olhar outras formas de eliminar a tensão, estraga o dia, à noite o presente e o futuro.
Quando atolamos em dívidas, perdemos o foco. A necessidade de aliviar tensões é uma regra geral. Mas é preciso saber que o caminho divulgado em larga escala é o menos indicado. Ele é ilusão pura, efeito reduzido ao extremo, confusão elevada ao quadrado, vazio existencial na potencia máxima, carência saltando aos olhos, necessidade de amor e reconhecimento doentio, discernimento zero, olhos vedados e passos sem saída.
Apreciar a beleza de objetos de consumo é diferente de adquiri-los. Somos seres que identificamos o belo e o desejamos. Porém, podemos desejar e não comprar. A compra pode ser feita com planejamento e no momento certo. Quando isso acontece o resultado é apreciado com alívio e merecimento, do contrário vem com culpa e confusão financeira. Então, ao invés de um alívio experimentamos uma enorme dor de cabeça. Sendo assim atentem-se. O descontrole financeiro é fruto do consumo desenfreado do remédio da hora.
O marketing da moda sugere a compra. Quem são as vítimas do remédio da hora? Pessoas com “mente criança”.  
Chamo de mente criança por elucidar melhor o que fizemos com a nossa carteira. Explico: -A criança ao ver um brinquedo pensa no dinheiro, no cheque ou no cartão de crédito? Resposta: Em nenhum dos citados acima. - O adulto que está abarrotado de contas, ao fazer só mais uma pensa no saldo, no cartão ou no cheque? Resposta: Nenhuma resposta acima.
O que ele pensa imediatamente é: O quanto esse produto vai melhorar a aparência, o quanto dá para ficar mais moderno, etc.  
O desequilíbrio financeiro não é assunto que se discuta com uma “mente criança”.
A avalanche é inevitável, enquanto a neve inicia a descida morro abaixo, pessoas, com descontrole financeiro, simplesmente fazem de conta que estão no controle. Nem sequer cogitam que estão na rota da avalanche.
Quando for atingida, talvez sobreviva e aprenda, talvez sobreviva e faça o tipo: estou nem ai! Ou sobre
viva e acuse os governos, pais, filhos (outros pela falta de dinheiro).
Quem não quer ver, paciência. A vida segue dando dicas de realinhamento. A vida não se cansa em apostar em nós. Mas nós, ocupados demasiadamente com o que iremos comprar logo a seguir, não vemos, nem ouvimos e principalmente fingimos não sentir.
Sendo assim, cuidado com as soluções que estão sendo dadas aos sintomas humanos. Com letra ilegível está escrito na bula: Comprar não cura sua dor! Então, abra o olho, você pode estar sendo enganado!
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